Caminho coerente

A atração é quase inevitável: acostumados a criar peças exclusivas para seus projetos, não há como evitar que os arquitetos lancem mão de suas pranchetas para riscar um ou outro móvel. De Gaudí a Frank Lloyd Wright, de Mies Van der Rohe a Niemeyer, arquitetos de todos os tempos criaram móveis para suas obras.
Ou mais que isso. O arquiteto catalão desenhou intrincadas cadeiras que até hoje seduzem o olhar, enquanto, aqui no Brasil, o amante das curvas criou esculturais chaises e poltronas.

Ivan Rezende

A atração é quase inevitável: acostumados a criar peças exclusivas para seus projetos, não há como evitar que os arquitetos lancem mão de suas pranchetas para riscar um ou outro móvel. De Gaudí a Frank Lloyd Wright, de Mies Van der Rohe a Niemeyer, arquitetos de todos os tempos criaram móveis para suas obras.
Ou mais que isso. O arquiteto catalão desenhou intrincadas cadeiras que até hoje seduzem o olhar, enquanto, aqui no Brasil, o amante das curvas criou esculturais chaises e poltronas.

Ivan Rezende

Segundo Ivan Rezende, foi mais ou menos assim seu caminho no design de móveis. Arquiteto formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ , com extensão universitária pela Universidade de Navarra, na Espanha, começou a atuar no Brasil em 1982. Em seus projetos de interiores, às vezes sentia falta de um móvel complementar com linhas mais retas, mais contemporâneas.
E o jeito era criar essas peças e executá-las em marcenarias de alta qualidade. Mas este fazer acabou por conquistá-lo. E se não houvesse aquele cliente, aquela necessidade específica? Será que ele conseguiria desenvolver um móvel que atendesse a várias pessoas diferentes, a situações distintas?
E foi assim que, pesquisando materiais e necessidades da indústria moveleira, naquele momento “nasceu” o Ivan Rezende designer de mobiliário.

Ivan Rezende

Sorte a nossa que, mesmo sem ter um projeto de interiores completo do escritório de Ivan, agora temos acesso a uma série de peças com seu toque de funcionalidade e bom gosto em nossas casas ou escritórios.
São móveis de apoio ou centrais, bancos, aparadores, complementos, toda uma linha sempre muito bem conceituada, bem pensada e refletida, antes de virar realidade.
Ivan explica que sua escolha de materiais sempre foi orientada pelo reaproveitamento de matérias primas, pela pesquisa de refugos, aparas e reuso de materiais. Em outras palavras: um caminho coerente e voltado à sustentabilidade.

Ivan Rezende

Em 2004, um destaque: a linha “Bandeirola”, de bancos e mesas de apoio, foi premiada pelo Museu da Casa Brasileira, com toda propriedade. Concebida de forma que o usuário final monte as peças do modo que lhe seja mais apropriado, o conjunto é composto por dois elementos básicos, um prisma triangular e duas bases, que são obtidos a partir de um recorte preciso na peça principal.
As bases, quando utilizadas sozinhas, são peças de apoio, e podem funcionar tanto como mesa lateral, quanto como revisteiro ou banquinho. A simplicidade das formas geométricas e conexão com nossa cultura não poderia ser melhor interpretada.

Ivan Rezende
Interessante observar que Ivan não se fixou em um só material: sempre experienciando, já usou metal, couro, vidro, fibras – o que estiver disponível e, principalmente, o que for fácil para ser reaproveitado. Nossa rápida conversa no princípio desse mês girou em torno do novíssimo Banco do Museu.

Mais uma vez premiado pelo Museu da Casa Brasileira, desta vez Ivan teve um desafio a mais, que foi o de fazer com que a peça se adaptasse, sem conflitos, à arquitetura monumental de Santiago Calatrava, pois o museu em questão é simplesmente o Museu do Amanhã, inaugurado no Rio de Janeiro no início de 2016.
O banco faz parte do mobiliário do museu, desenvolvido pelo escritório de Ivan.

Ivan Rezende

A peça é visualmente leve e se integra com facilidade aos espaços amplos  – e totalmente sem detalhes –  projetados pelo arquiteto e engenheiro espanhol. Com um aspecto simples e bem elegante, combina chapa de aço (com acabamento galvanizado a fogo para maior resistência à maresia, presente no entorno do museu) e assento em freijó. Pode ser usado sozinho ou em grupos de dois e acomoda até oito pessoas.
Suas formas simples dão margem a muitas ideias de arranjos, o que certamente vai acontecer de forma natural ao longo de sua utilização na instituição.

Ivan Rezende

E mais uma vez um arquiteto faz as vezes de designer de mobiliário e acerta em cheio no que se espera dele, neste caso em particular: não interferir na “arquitetura show” de um outro colega. É claro que, em se tratando de um talento como o de Ivan Rezende, tudo fluiu melhor, com mais facilidade. Mas não há dúvidas de que há muitos arquitetos preparados para pensarem na escala do móvel.

Veja muito mais em:
www.ivanrezendearquitetura.com.br

 

(*) Autora – Maria Alice Miller é designer de interiores formada pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro e editora do blog Casa com Design que completa 12 anos de vida em 2016. Trabalha com fornecimento de conteúdo para sites e blogs e gerenciamento de perfis nas principais mídias sociais de empresas das áreas de interiores, decoração, design e arquitetura. Adora escrever sobre estes assuntos e por isso colabora com nossa revista a partir de agora.
Para completar um perfil eclético, é administradora do museu Casa de Benjamin Constant em sua cidade.
Contato:
malice@casacomdesign.com.br
Facebook:
http://facebook.com/malicemiller



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