O Instituto Pantone – leia-se, o mais influente no mundo em termos de cores – revelou como cor do ano o Ultra Violet, um roxo místico, contemplativo, ao mesmo tempo que cheio de energia. Mas como se chega a tal “ cor do ano”? Estudando comportamentos de hoje para prever o amanhã – que é o que faz os especialistas em Coolhunting, os caçadores das tendências mais “ frescas” ( dai o cool). E em todo mundo – e em vários “mundos” ( moda casa, moda das ruas, das passarelas, do design, das tribos – as nossas, urbanas – e por ai vai).
Porque o Violet? Nobreza, espiritualidade, magia, teologia, poder. E o que isso quer dizer?
Que o mundo, apesar de ( ou exatamente por isso) corrido, precisa de um tempo. Cada um de nós precisa de um tempo. De um silêncio para se repensar antes de pensar, criticar, pré – conceituar coisas, pessoas, comportamentos. A psicologia nos fala que apontamos no outro os nossos defeitos mais escondidos, mais detestados – e mais enraizados. Talvez esteja ai a chave da cor: um novo olhar, mas só depois de nos olharmos por dentro, antes de jogarmos a primeira pedra. A real noção, mesmo que parca, de nossa pequenez frente ao universo enquanto mundo e enquanto comportamentos, jeito de ser e de pensar. E, ao mesmo tempo, de nossa importância nele. E de que só podemos esperar do outro o que damos a ele – o tal respeito pelas liberdades de escolha, tão visto nas campanhas de toda ordem. A tão esperada empatia.
Ultra Violet traz à tona a expressão das individualidades convivendo humanamente em comunidade. Traz à tona as não convenções, os não padrões, a paz que procuramos e tem que começar dentro. Traz à tona a experimentação do novo – ou pelo menos sua aceitação. Destaca a personalidade, quem realmente somos – enquanto pessoas, enquanto produtos, enquanto marcas, serviços ( cada vez mais fluidos e cada vez mais ágeis), modos de viver e de se expressar. Traz a emoção nem sempre racionalizada, mas que surpreende. A noção de que a vida é agora. Mas sem deixar de se perguntar o que vamos deixar no mundo para o futuro, ou como deixamos as pessoas por onde passamos – esse, o real sentido da vida.
Violet é, acima de tudo, um espaço de silêncio interno, um oásis, tão necessário para que se criem coisas novas, novas ideias, mudanças reais de comportamento. Espaços de escuta, de respostas. É sair do piloto automático dos dias, ter atenção plena ao que se faz e, enfim, aprender a viver!
Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute.
Ainda conforme Leatrice Eiseman, no design de produto e no design gráfico, Violet traz sofisticação, complexidade, originalidade. E dinamismo porque, ao mesmo passo que pede reflexão e foco sobre o agora, abre espaço para o “novo de cada um”, a originalidade individual. Já na moda usual, é uma cor para poucos. Além de dispensar gêneros tradicionais – sendo mistura democrática entre o azul ( dito masculino) e o vermelho (dito feminino) – podendo ser usada sem problemas de identidade para qualquer gênero que se imagina – e que não se imagina, pede autoestima em alta, e povoa muito bem entre o querer ser , intimista, e o querer ter, exibicionista, teatral. Simplicidade e luxo. Desprendimento e materialismo. Já no setor de beleza, por exemplo, traz uma expressividade ousada, como ousados os cabelos no mesmo tom. O conceito é chamar a atenção, de forma ousada e expressiva. Não se passa “imune” ao tom.
Mas, e no decor, na arquitetura e design de interiores? Ultra Violet combina com todas as cores, dependendo de que expressão se quer dar – de auto expressão , alta autoestima e tradição à ousadia do inesperado, pura modernidade. E pode ser usado bem ao contrário, para manter o foco no essencial. Pode ser usada em uma ou mais paredes ou em pinceladas em peças avulsas, objetos, tecidos de poltronas, cadeiras e almofadas. Uma coisa é certa: é um tom atemporal. Então, não se preocupe com o passar do tempo…
E se formos mergulhar mais a fundo na cor , sua significação na cromoterapia fala em calma, equilíbrio da mente, suavizar medos, trabalhando a espiritualidade , a intuição e a paz interior. E potencializa a criatividade. Ao mesmo tempo, tão profunda e calmante que pode aliviar enxaquecas. Então, desfaça qualquer má impressão sobre a cor.
Mas, claro que o ano não se baseia só no Violet – mas numa cartela complexa, toda ela baseada na mesma conceituação: auto expressão. Mostra uma cartela de cores ampla e de extremos, dos nudes, clássicos, aos tons vibrantes, quase fluorescentes, que abraça todos os gostos e todos os modos de pensar e de ser. E traz algo que andamos, mesmo, precisando: liberdade ( ampla, bem além da minha, da sua) , confiança e otimismo. O que mais podemos querer para um ano que começa já?
Base de texto e imagens: Pantone, Follow The Colours e outros.